Depois de todos estes anos, me sinto seguro para narrar a
história a seguir mas antes de começar tenho de esclarecer alguns pontos que
são de extrema importância para compreensão total dos fatos: primeiro não é o
que você pensa; segundo é verdade o que digo, terceiro é sem pé e sem cabeça.
Esclareço ainda que não era minha intenção faze-lo, no
entanto como contrariar o destino e sendo o arbítrio uma mera ilusão ouso dizer
que o que faço ou deixo de fazer não é minha culpa. Se pensas que é o senhor do
destino, mude o meu então.
Vamos a parte que me cabe, contar a historia. Caminhava a
longas passadas pela a trilha estreita na densa floresta, cada passo eram dois
desafios: suportar a tamanha tortura que é ser alvejado por milhares de
minúsculos seres alados e segundo o desafio mental de seguir a trilha sem se
perder...
Por fim acabei me perdendo, deve saber que eu não estava
sozinho, éramos um grupo de três eu, o baixinho peludo e a velha fofoqueira.
Como eu sei que ela era “velha”? Digo, pois presenciei ela fazendo coisas que
só velhas fazem não os velhos... Não foque em nosso excêntrico grupo, ele está
perto de se desfazer.
Marchamos à tarde inteira, o baixinho peludo por ter melhor
senso de direção ia à frente e a velha fofoqueira ia apoiada em meu ombro.
A noite vinha fria e apavorante fome e a sede se instalaram
no grupo. O desespero encontrou minha alma e a misantropia seria a causa de
minha morte, mas como o ser humano nunca perde as esperanças...
Dois dias tinham se passados, eu estava ficando louco se
alimentando de raízes e bebendo água da chuva, me faltava a proteína. Olhando
para o baixinho peludo que já estava violento pela a fome, uma ideia me passou.
Estávamos perdidos na floresta, ninguém sabia e eu morreria se não fizesse
algo, lembrei-me dos chineses enquanto tramava meu cruel plano.
Já estava bem escuro todos dormiam, providenciei uma enorme
pedra, me posicionei sobre a cabeça do baixinho peludo. Dúvidas? Não tinha
nenhuma, pronto para desferir o golpe fatal, a velha acorda e grita mas era
tarde demais, a pedra com um estrondo esmagou o crânio dele, a morte foi lenta
e o sangue fresco tingiu toda a terra, enfim carne.
A velha não comeu a carne, preferia raízes e frutas e por
quase estragar meu plano com o grito a apelidei de velha fofoqueira. Deliciei o
banquete, comi o máximo possível e fui embora dali com a velha em meu ombro,
pois logo o cheiro de sangue atrairia outros animais.
Fiquei alimentado por dois dias, e como dizem e também por
ser verdade, quem mata a primeira vez perde o remorso. Peguei a velha pelo
pescoço tal como se mata uma galinha e comecei a degola-la.
Como eu colocava pressão por todo o seu corpo, vi sair de
suas entranhas o que seria o seu próximo filho, imaginei ele frito ou cozido,
mas como fogo era luxo me conterei come-lo cru.
Passei mais um dia vivo, mas ele veio também o desespero, o
que eu comeria? Com a força que ainda me restava corri tentando em vão
encontrar alguém ou ser encontrado. No fim eu prosperei, encontrei u pequeno
povoado, fui salvo e só agora tive coragem para dizer como comi meu cachorro e
meu velho papagaio.
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